Definição
Obesidade é uma condição médica na qual se verifica acumulação de tecido
adiposo em excesso ao ponto de poder ter impacto negativo na saúde, o que leva
à redução da esperança de vida e/ou aumento dos problemas de saúde. Uma pessoa
é considerada obesa quando o seu índice de massa corporal (IMC) é superior a 30
kg/m2. Este valor é obtido dividindo o peso da pessoa pelo quadrado da sua
altura.
A obesidade aumenta a probabilidade da ocorrência de várias doenças, em
particular de doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, apneia de sono,
alguns tipos de cancro e osteoartrite. A causa mais comum de obesidade é uma
combinação de uma dieta hiperenergética, falta de exercício físico e
susceptibilidade genética, embora alguns casos sejam causados principalmente
por genes, transtornos endócrinos, medicamentos ou transtornos mentais. As
evidências que apoiem a perspectiva de que algumas pessoas obesas comem pouco
mas ganham peso devido a um metabolismo lento são limitadas. No geral, as
pessoas obesas consomem mais energia do que as restantes devido às necessidades
energéticas para sustentar a maior massa corporal.
Tratamento
O tratamento da obesidade baseia-se na dieta e no exercício físico. A
qualidade da dieta pode ser melhorada reduzindo o consumo de alimentos ricos em
energia, tais como os que têm grande quantidade de gordura e açúcar, e
aumentando a ingestão de fibra dietética. Pode também ser administrada
medicação anti-obesidade para reduzir o apetite ou diminuir a absorção de
gordura, quando utilizada em conjunto com uma dieta adequada. Quando a dieta, o
exercício e a medicação não demonstram ser eficazes, pode ser considerada a
aplicação de uma banda gástrica ou uma cirurgia bariátrica para reduzir o
volume do estomago ou o comprimento do intestino, o que faz com que a pessoa se
sinta cheia mais cedo e que haja menor capacidade de absorção de nutrientes dos
alimentos.
A obesidade é uma das principais causas de morte evitáveis em todo o
mundo, com taxas de prevalência cada vez maiores em adultos e em crianças. É
considerada pelas autoridades um dos mais graves problemas de saúde pública do
século XXI. Em grande parte do mundo contemporâneo, particularmente na
sociedade ocidental, a obesidade é alvo de estigma social, embora ao longo da
História tenha sido vista como símbolo de riqueza e fertilidade, perspectiva
que ainda se mantém nalgumas partes do mundo.
Classificação
A obesidade é uma condição médica na qual se verifica acumulação de
tecido adiposo em excesso ao ponto de poder ter impacto negativo na saúde. É
definida em função do índice de massa corporal (IMC) e avaliada em termos de
distribuição de gordura pelo índice de cintura e quadris e pelos fatores de
risco cardiovascular. O IMC está intimamente relacionado com a taxa de gordura
corporal e a quantidade total de gordura no corpo.
Calcula-se o IMC dividindo o peso do indivíduo pelo quadrado da sua altura,
através da seguinte forma:
\mathrm{IMC}= \frac{m}{h^2}
em que m corresponde ao peso da pessoa em quilogramas, e h corresponde à
altura em metros. O IMC é geralmente expresso em quilogramas por metro
quadrado.
IMC (kg/m2)
|
Classificação
|
Risco de
comorbidades
|
< 18,50
|
baixo peso
|
baixo
(mas risco de outros problemas) |
18,50–24,99
|
variação normal
|
médio
|
25,00–29,99
|
pré-obesidade
|
aumentado
|
30,00–34,99
|
obesidade classe I
|
moderado
|
35,00–39,99
|
obesidade classe II
|
grave
|
≥ 40,00
|
obesidade classe
III
|
muito grave
|
As definições mais amplamente usadas a nível mundial e em vigor nos
países lusófonos, definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1997 e
publicadas em 2000, indicam os valores de referência na tabela à direita. No
entanto, alguns países asiáticos redefiniram os valores de obesidade da OMS,
uma vez que as populações asiáticas desenvolvem conseqüências de saúde
negativas a um IMC menor do que os caucasianos. Por exemplo, o Japão define
obesidade como qualquer IMC superior a 25 kg/m2, enquanto que a China usa um
IMC superior a 28 kg/m2. Algumas entidades de saúde também realizam
alterações à definição da OMS. Por exemplo, a literatura cirúrgica divide a
obesidade de classe III em mais categorias cujos valores precisos ainda se
encontram em discussão.
AS CAUSA DE CÂNCER SÃO VARIADAS, PODENDO SER EXTERNAS OU INTERNAS AO ORGANISMO, ESTANDO AMBAS INTER RELACIONADAS. SAIBA TUDO SOBRE CÂNCER ACESSANDO ESTE LINK. (clique aqui)
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Em crianças e adolescentes
Em crianças, o peso considerado saudável varia em função da idade e do
sexo. A obesidade em crianças e adolescentes não é definida em função de um
número absoluto, mas sim por um percentil. Assim, uma criança com idade superior
a dois anos é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior ao
percentil 95 para o seu sexo e idade. Da mesma forma, considera-se que uma
criança tem excesso de peso (pré-obesidade) quando o seu IMC está entre o
percentil 85 e 95. Os dados de referência nos quais estes percentis se baseiam
correspondem ao período entre 1963 e 1994, pelo que não foram afetados pelo
aumento recente da média de peso.
Efeitos na saúde
O excesso de massa corporal está associado a várias doenças, em
particular doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, apneia do sono, alguns
tipos de cancro, osteoartrite e asma. Em consequência destes factores,
determina-se que a obesidade contribui para a diminuição da esperança de vida.
Mortalidade
A obesidade é uma das principais causas de morte evitáveis em todo o
mundo. Em cada ano, morrem 3,4 milhões de adultos em consequência da obesidade
ou do sobrepeso. A doença está também na origem de 44% dos casos de diabetes,
23% dos casos de doença arterial coronariana e entre 7 e 41% de determinados
tipos de cancro. Na Europa, 7,7% das mortes (cerca de um milhão de pessoas) são
atribuídas ao excesso de peso. Em média, a obesidade reduz a esperança de vida
entre seis a sete anos. Um IMC entre 30 e 35 kg/m2 reduz a esperança de vida
entre dois e quatro anos, enquanto que a obesidade grave (IMC > 40 kg/m2)
reduz a esperança de vida em dez anos.
O risco de mortalidade é menor no intervalo de IMC de 20-25 kg/m2 em não
fumadores, e 24–27 kg/m2 em fumadores. Existe uma associação entre valores de
IMC superiores a 32 kg/m2 e a duplicação da taxa de mortalidade entre mulheres,
ao longo de um período de 16 anos.
Comorbilidades
A obesidade aumenta o risco de diversas complicações físicas e
psicológicas. Estas comorbidades observam-se frequentemente integradas numa
condição denominada síndrome metabólica, uma conjugação de transtornos clínicos
que engloba: diabetes mellitus tipo 2, pressão arterial elevada, colestrol
elevado e níveis elevados de triglicerídeos. As complicações podem ser causadas
diretamente pela obesidade ou de forma indireta, através de mecanismos com
causas em comum, como por exemplo uma dieta desequilibrada ou um estilo de vida sedentário. A intensidade da relação entre a obesidade e condições específicas
é variável. Uma das mais fortes é a ligação com a diabetes do tipo II. O
excesso de gordura corporal está na origem de 64% dos casos de diabetes em
homens e 77% dos casos em mulheres.
As consequências da obesidade a nível da saúde podem ser classificadas
em duas categorias genéricas: as que podem ser atribuídas aos efeitos do
aumento da massa adiposa (como a osteoartrite, a apneia de sono ou o estigma
social) e as que podem ser atribuídas ao aumento do número de células adiposas,
como a diabetes, cancro, doenças cardiovasculares ou a doença hepática
gordurosa não alcoólica. O aumento de gordura corporal altera a reação do corpo
à insulina, o que pode provocar resistência à insulina. O aumento de gordura
corporal também cria um estado proinflamatório, e um estado protombrótico.
Causas
A nível individual, pensa-se que maior parte dos casos de obesidade se
devam a uma conjugação da ingestão de alimentos energéticos em excesso com a
ausência de exercício físico. Uma percentagem pequena de casos deve-se
principalmente a condições genéticas, transtornos psiquiátricos ou razões
médicas. Por outro lado, o aumento generalizado da prevalência de obesidade
na sociedade deve-se à facilidade no acesso à dieta, ao aumento da
dependência de transportes automóveis e à mecanização do trabalho.
Dieta
Existe uma relação entre o consumo de energia total e a obesidade. A maior parte da energia consumida em excesso tem origem no aumento do consumo de hidratos de carbono, e não no consumo de gordura. As principais fontes destes hidratos de carbono em excesso são as bebidas açucaradas e as batatas fritas, pelo que se acredita que o seu consumo excessivo esteja a contribuir para a subida dos índices de obesidade. À medida que as sociedades se tornam cada vez mais consumidoras de dietas hipercalóricas, fast-food e refeições de grandes porções, a ligação entre o consumo de fast-food e a obesidade torna-se mais evidente.
Existe uma relação entre o consumo de energia total e a obesidade. A maior parte da energia consumida em excesso tem origem no aumento do consumo de hidratos de carbono, e não no consumo de gordura. As principais fontes destes hidratos de carbono em excesso são as bebidas açucaradas e as batatas fritas, pelo que se acredita que o seu consumo excessivo esteja a contribuir para a subida dos índices de obesidade. À medida que as sociedades se tornam cada vez mais consumidoras de dietas hipercalóricas, fast-food e refeições de grandes porções, a ligação entre o consumo de fast-food e a obesidade torna-se mais evidente.
A disponibilidade de energia dietética per capita varia de forma
acentuada entre diferentes regiões e países, e foi-se alterando de forma significativa
ao longo do tempo. Entre o início da década de 1970 e o fim da década de 1990,
a energia alimentar disponível por pessoa e por dia (a quantidade de alimentos
comprados) aumentou em todas as partes do mundo, exceto na Europa de Leste. A
maior disponibilidade encontra-se nos Estados Unidos, com 3654 cal por pessoa
em 1996, valor que aumentou para 3754 Cal em 2003. Em finais da década de 1990,
os europeus tinham disponíveis em média 3394 Cal por pessoa, enquanto que nas regiões
em desenvolvimento da Ásia a disponibilidade era de 2648 por pessoa e na África
subsariana de 2176 Cal por pessoa. Apesar de estarem disponíveis recomendações
de nutrição em diversos países, continuam a existir problemas derivados da
ingestão excessiva de alimentos e escolhas dietéticas pouco saudáveis.
As políticas a as técnicas agrícolas introduzidas na Europa e na América
do Norte no pós-guerra proporcionaram a descida acentuada do preço dos
alimentos. Entre estas políticas estão os subsídios à produção agrícola, como
os que são provenientes da Política Agrícola Comum. No entanto, grande parte
dos subsídios destinou-se à produção de milho, soja, trigo e arroz, o que fez
com que estes alimentos se tornassem as principais fontes de comida processada.
Assim, apesar dos custos de produção e tecnologia envolvidos, a comida
processada com base neste alimentos tornou-se mais barata do que a própria
fruta ou os vegetais. No fim da década de 2000, começou-se a questionar e a
discutir a distribuição de subsídios agrícolas no sentido de os melhor adequar
às necessidades dietéticas, promovendo o cultivo de frutas e vegetais.
Estilo de vida sedentário
O estilo de vida sedentário desempenha um papel significativo na
obesidade. A OMS refere que entre a população mundial se verifica um declínio
das atividades recreativas ativas e que, atualmente, cerca de 30% da população
mundial não realiza exercício físico suficiente. Isto deve-se à tendência de
evolução para condições de trabalho que exigem cada vez menos esforço físico, ao
aumento da utilização de transportes mecanizados e à maior prevalência de tecnologia
residencial. No caso das crianças, o declínio na quantidade de atividade física
deve-se também à diminuição na quantidade de percursos feitos a pé e à inexistência
de educação física.
Tanto em adultos como em crianças, existe uma correlação entre o tempo
passado em frente à televisão e o risco de obesidade. Um estudo de revisão
constatou que 63 entre 73 estudos (86%) demonstraram existir um aumento da taxa
de obesos em função do aumento da exposição aos média, no qual a taxa aumenta
de forma proporcional ao tempo de visualização.
Genética
Tal como muitas outras condições médicas, a obesidade é o resultado da
interação entre fatores genéticos e ambientais. Perante fatores ambientais
idênticos, o risco de obesidade é maior nas pessoas com predisposição genética
para a doença. Esta predisposição genética tem origem nos polimorfismos de
vários genes que controlam o apetite e o metabolismo. Existem mais de 40 sítios
do genoma humano que estão associados ao desenvolvimento de obesidade quando
existe comida em quantidade suficiente.
As pessoas com duas cópias do gene FTO pesam em média 3 a 4 quilos a
mais e apresentam um risco 1,67 vezes superior de obesidade, em comparação com
a restante população. A percentagem de obesidade que pode ser atribuída a fatores
genéticos varia entre 6 e 85%, dependendo da população examinada. Verifica-se
que 7% das pessoas com obesidade grave precoce (obesidade antes dos 10 anos de
idade e com IMC três vezes superior ao normal) possuem mutação pontual no ADN. Cerca
de 80% dos filhos de dois progenitores obesos são também eles obesos, valor que
contrasta com os menos de 10% entre os filhos de pais com peso normal. A
obesidade é também uma das principais características de diversas síndromes
genéticas, como a síndrome de Prader-Willi ou a síndrome de Bardet-Biedl.
Determinantes sociais
Embora a influência genética seja importante para compreender a
obesidade, por si só não explica o aumento dramático da incidência em
determinados países ou à escala global. Existem diversas atitudes sociais que
aparentam aumentar o risco de obesidade, como o stress, a discriminação, a
classe socioeconômica, o tabagismo, o número de filhos, e a urbanização.
A correlação entre a classe social e o IMC varia consoante a região do
mundo. Em países desenvolvidos, o grupo com menor probabilidade de obesidade
são as mulheres das classes superiores. Por outro lado, nos países em
desenvolvimento os homens, mulheres e crianças das classes sociais superiores
são os que apresentam as maiores taxas de obesidade. No entanto, devido aos
efeitos da globalização, as diferenças têm-se vindo a atenuar. Em países
desenvolvidos, o número de adultos obesos e crianças com sobrepeso está
correlacionado com a desigualdade econômica. Têm sido propostas diversas
explicações para a relação entre o IMC e a classe social. Em países
desenvolvidos, as pessoas com maior poder de compra têm a possibilidade de
escolher alimentação mais equilibrada e saudável, estão sob maior pressão
social para manterem o peso ideal e têm a possibilidade de praticar programas
de fitness. Em países em vias de desenvolvimento, o padrão observado por ser
explicado pela diferença no acesso à alimentação, pela grande quantidade de
energia despendida no trabalho físico e por valores culturais que favorecem um
corpo maior.
Fumar tem um efeito assinalável no peso individual. As pessoas que
desistem de fumar aumentam em média entre 4,4 kg (homens) e 5,0 kg (mulheres)
nos dez anos seguintes. No entanto, a diminuição do número de fumadores tem
tido pouco efeito nas taxas de obesidade entre a população.
Na sociedade ocidental, o número de filhos tem também uma correlação com
o aumento do risco de obesidade. O risco de uma mulher aumenta 7% por cada
filho, enquanto o de um homem aumenta 4%. Isto pode ser explicado em parte pelo
fato de que ter crianças dependentes diminui a atividade física dos pais. Nos
países em desenvolvimento, a urbanização também desempenha um papel no aumento
das taxas de obesidade. Por exemplo, na China a taxa nacional de obesidade é
inferior a 5%, enquanto que nalgumas cidades é superior a 20%.
Tratamento
O principal tratamento para a obesidade é uma dieta apropriada e
exercício físico. Os programas dietéticos proporcionam redução de peso em curto
prazo, embora manter o peso pretendido seja difícil, pelo que geralmente essa
redução necessita de ser acompanhada por alterações permanentes no estilo de
vida da pessoa, como exercício físico regular e uma dieta menos calórica. A
taxa de sucesso da manutenção a longo prazo da redução de peso com alterações
no estilo de vida é de cerca de 20%. As alterações na dieta e no estilo de vida
são eficazes na limitação do ganho de peso durante a gravidez e têm impacto
positivo na saúde da mãe e da criança.
Estão disponíveis alguns fármacos para o tratamento de obesidade. No
entanto, a aprovação ou não de cada substância pode diferir bastante entre
países. Os mais comuns são o orlistato, a lorcaserina e a associação
fentermina/topiramato. A perda de peso com o orlistato é modesta, em média 2,9
kg entre 1 e 4 anos. O seu uso está associado a taxas elevadas de efeitos
adversos gastrointestinais e têm sido levantadas preocupações acerca dos
efeitos negativos nos rins. Os outros dois fármacos estão disponíveis nos Estados
Unidos, mas não na Europa. A lorcaserina proporciona uma perda de peso média de
3,1 kg superior ao placebo ao longo de um ano. No entanto, pode aumentar os
problemas relacionados com as válvulas do coração. A associação
fenternina/topiramato apresenta alguma eficácia, embora possa estar associado a
problemas no coração. Não existe ainda informação sobre a forma como estes
fármacos afetam complicações a longo prazo da obesidade, tais como doenças
cardiovasculares ou morte.
O tratamento mais eficaz para a obesidade é a cirurgia bariátrica, ou
cirurgia de redução do estômago. O tratamento cirúrgico da obesidade está
associado à perda de peso a longo prazo e à melhoria nas condições médicas
relacionadas. Verificou-se num estudo uma perda de peso entre 14 e 25% ao longo
de dez anos, dependendo do tipo de cirurgia, e uma redução de 29% na
mortalidade, em comparação com as medidas convencionais para perder peso. No
entanto, ocorrem complicações em 17% dos casos e em 7% é necessária uma segunda
intervenção cirúrgica. Devido ao seu custo e riscos associados, atualmente
procuram-se novos tratamentos eficazes, mas menos invasivos.
Fonte: OMS (Organização Mundial da Saúde); wikipedia.org
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