ANFETAMINAS

ANFETAMINAS



(Balinhas/ Rebites)

Definição

As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema  nervoso central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas mais “acesas”, “ligadas”, com “menos sonos”, “elétricas” etc.

São chamadas de “rebite”, principalmente entre os motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas sem descanso, afim de cumprir prazos predeterminados. Também são conhecidas como “bola” por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que costumam fazer regimes de emagrecimento sem acompanhamento médico.

Nos Estados Unidos, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na forma fumada em cachimbos, recebendo o nome de “ICE”(gelo).

Outra anfetamina, metilenodioximetanfetamina (MDMA), também conhecida pelo nome de “êxtase”, tem sido uma das drogas com maior aceitação pela juventude inglesa e agora, também, apresenta um consumo crescente no Brasil.

As anfetaminas são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não são, portanto, produtos naturais. Existem várias drogas que pertencem ao grupo das anfetaminas, e como cada uma delas pode ser comercializada sob a forma de um remédio, por vários laboratórios e com diferentes nomes comerciais, temos um grande número desses medicamentos, conforme mostra a tabela a seguir.

Nomes comerciais de alguns medicamentos à base de drogas tipo anfetamina vendidos no Brasil.

Dados obtidos do dicionário de Especialidades Farmacêuticas – DEF – 2007/ 2008

Anfetamina
Produtos (nomes comerciais) vendidos em farmácias
Dietilpropiona ou Anfepramona
Dualid S; Inibex S; Hipofagin S
Fenproporex
Desobesi M
Mazindol
Fagolipo; Moderine; Absten S
Metanfetamina
Pervitin
Metilfenidato
Ritalina; Concerta


 Efeitos no Cérebro

As anfetaminas agem de maneira ampla afetando vários comportamentos do ser humano. A pessoa sob a sua ação tem insônia (isto é, fica com menos sono), sente-se cheia de energia e fala mais rápido, ficando “ligada”.

Assim, o motorista que toma o “rebite” para não dormir, o estudante que ingere “bola” para varar a noite estudando, um gordinho que as engole regularmente para emagrecer, ou ainda, uma pessoa que se injeta com uma ampola de Pervitin ou com comprimidos dissolvidos em água para ficar “ligadão” ou ter um “baque” estão na realidade tomando drogas anfetamínicas.

A pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço. Este só aparece horas mais tarde, quando a droga já se foi do organismo; se nova dose for tomada as energias voltam, embora com menos intensidade.

De qualquer maneira , as anfetaminas fazem com que o organismo reaja acima de suas capacidades, esforços excessivos, o que logicamente é prejudicial para a saúde. E, o pior é que a pessoa ao parar de tomar sente uma grande falta de energia (astenia), ficando bastante deprimida, o que também é prejudicial, pois nem consegue executar as tarefas que normalmente fazia anteriormente ao uso dessas drogas.

Efeitos sobre outras partes do corpo

As anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na pupila dos olhos produzindo dilatação (midríase); esse efeito é prejudicial para os motoristas, pois à noite ficam mais ofuscados pelos faróis dos carros em direção contrária. Elas também causam aumento de números de batimentos do coração (taquicardia) e da pressão sanguínea.

Também pode haver sérios prejuízos à saúde das pessoas que já têm problemas cardíacos ou de pressão, que façam uso prolongado dessas drogas sem acompanhamento médico, ou ainda que se utilizam de doses excessivas.

Efeitos  Tóxicos

Se uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez), todos os efeitos anteriormente descritos ficam mais acentuados e podem surgir comportamentos diferentes do normal: fica mais agressiva, irritadiça, começa a suspeitar de que outros estão tramando contra ela - é o chamado delírio persecutório

Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa, pode ocorrer um verdadeiro estado de paranoia e até alucinações. É a psicose anfetamínica. Os sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pele pálida (devido à contração dos vasos sanguíneos) e taquicardia. Essas intoxicações são graves, e a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa. Às vezes, durante a intoxicação, a temperatura aumenta muito e isso é bastante perigoso, pois pode levar a convulsões.

Finalmente, trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas células do cérebro. Esse achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas produzir lesões irreversíveis em pessoas que abusam dessas drogas.

Aspectos Gerais  

Quando uma anfetamina é continuadamente tomada por uma pessoa, esta começa a perceber, com o tempo, que a cada dia a droga produz menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa tomar a cada dia doses maiores. Há até casos que de 1 a 2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40 a 60 comprimidos diariamente. Esse é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga. Por outro lado, o tempo prolongado de uso também pode trazer uma sensibilidade do organismo aos efeitos desagradáveis (paranoia, agressividade, etc.), ou seja, com pequenas doses o indivíduo já manifesta esses sintomas.

Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina á tempos e para de tomar apresentaria sinais dessa interrupção da droga, ou seja, se teria uma síndrome de abstinência. Ao que se sabe, algumas podem ficar nessas condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto, não é regra geral.

Informação sobre Consumo 

O consumo dessas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até a Organização das Nações Unidas vem alertando o governo brasileiro a respeito. Dados de um relatório das Nações Unidas de 2007 indicam que o consumo de estimulantes no Brasil, principalmente para diminuir o apetite e misturados a outro remédio para perder peso, é um dos mais elevados do mundo. 

Uma preocupação se dar pela prescrição médica excessivas desses medicamentos, mas também pelo fato de que podem ser comprados sem receita médica, mesmo que isso contrarie a lei, ou ainda com receitas falsificadas.

Esse consumo exagerado pode ainda influenciar o uso indevido desses medicamentos por adolescentes. Por exemplo, entre 48,155 estudantes brasileiros do ensino fundamental e do ensino médio pesquisados nas 27 capitais do país, 1.782 adolescentes (3,7% deles), revelaram já ter experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso frequente (seis ou mais vezes no mês) foi relatado pop 240 estudantes (0,5% do total), sendo mais comum entre as meninas, as mais interessadas em perder peso.


FONTE: CEBRID ( Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas Universal Federal de São Paulo (Depto. de Psicologia)

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